quarta-feira, 28 de março de 2007

Noddy Pelicano


Dotado de enorme inteligência e capacidade de leitura de jogo, o Noddy Pelicano é, provavelmente, o autor deste texto. E como estou quase certo de eu ser eu próprio, escuso-me de elogiar-me mesmo sabendo que em nada exageraria se escrevesse sobre as formidáveis jogadas repletas de brilhantismo que vou fazendo nos jogos ou sobre as inegáveis óptimas qualidades que possuo e com que deleito os imensos espectadores que se deslocam aos pavilhões para me ver jogar.
Vou, portanto, cingir-me a factos.
Pouca velocidade, pouco empenho, baixa percentagem de lançamento, perdas de bola infantis, más decisões em campo, capacidade de luta nula, birras frequentes. Em suma, tornei-me no que menos se esperava de mim enquanto praticante de basquetebol. Uma referência do Inatel.

Speedy Noddy


Todos sabemos que, com trabalho e afinco, o Speedy Noddy poderia ser um belo suplente pouco utilizado de qualquer equipa da 3ª divisão do basquetebol nacional.
É, de longe, o melhor jogador da equipa. Em primeiro lugar porque é o único que é capaz de sprintar ou de saltar. Em segundo lugar porque alguém teria que o ser.
Conhecido além fronteiras pela sua célebre frase "É loira mas não é minha", não há quem o acuse de falta de empenho. Sofre do horrível defeito de se esquecer que joga no Inatel, o que faz dele, embora não o exteriorize, pouco tolerante com os naturais erros dos seus colegas. Perito em pedir boleias, está sempre pronto para seduzir as senhoras que assistem aos nossos jogos. Geralmente são dele e julgam ser especiais. Infelizmente para elas, são tão especiais quanto a qualidade do basket por nós praticado.

Afro Noddy


O Afro Noddy é, para muitos, o terror do Inatel. Diz-se que já agrediu involuntariamente 74 adversários. Mas nós sabemos que a realidade, em nada, se assemelha ao mito. Todas as agressões foram voluntárias.
O Afro Noddy tem barriga. O Afro Noddy tem tiques de jogador de rua. O Afro Noddy não utiliza o equipamento da equipa nos jogos porque este não lhe serve. O Afro Noddy grita com os árbitros, colegas de equipa e adversários. O Afro Noddy ameça tudo e todos. O Afro Noddy é de Queluz. Ou seja, o Afro Noddy faz de tudo um pouco menos jogar bem basquetebol, o que, em comparação com os companheiros de equipa, até nem é mau de todo porque a sua presença em campo e as jogadas pouco estilizadas que consegue, garantem-lhe a nomeação para o distinto grupo dos 100 melhores jogadores da 2ª divisão do Inatel de Lisboa.
É justo recordarmos que o seu imponente porte físico o prejudica nos jogos. Por vezes, os árbitros confundem as suas movimentações com empurrões deliberados assinalando-lhe faltas imerecidas. Também não é raro ouvi-lo queixar-se de que não lhe passam a bola. Geralmente tem razão pois, tecnicamente, se quando um passe que lhe está destinado não lhe chega às mãos, mesmo na quase certa eventualidade de ter sido ele próprio quem não se lembrou de esticar os braços, o passe já não é para ele.
Definitivamente, um injustiçado!